Se calhar isto precisa de alguma explicação. A máquina não tem nada de revolucionário, não é um exemplar da mais nova e avançada tecnologia.
Escolhi chamá-la revolucionária porque pretendo que seja a ferramenta que utilizarei para fotografar manifestações, greves ou outros movimentos de protesto social.
Talvez com algum preconceito associado, o conjunto é constituído por elementos provenientes de países com regimes muito pouco (ou nada) democráticos, de domínio comunista, sendo o corpo uma Praktica MTL 5 B, fabricada na República Democrática Alemã e a lente de 58 mm, uma Helios 44M-4, Zenit, da União Soviética. Dois elementos apenas destoam: um filtro UV da Hama (da Alemanha, fabricado nas Filipinas) e uma correia da Canon (do Japão).

Escolhi esta máquina por diversas razões. A primeira é o facto de me ter aparecido à frente (a um preço baixíssimo) e em bom estado numa loja da Cash Converters (sim, é verdade que tenho algum fascínio por estas lojas; é que ao contrário da loja especializada em fotografia e que o vendedor quer receber o dinheiro correspondente ao objecto fotográfico, e na Cash
Converters o que o vendedor pretende é ganhar algum dinheiro por um objecto que já não utiliza ou que provavelmente nunca utilizou). Os preços são, por isso, baixos e os objectos podem estar em muito bom ou em muito mau estado. Cabe ao comprador avaliar.
Voltando à questão da máquina, o que estava à venda era a máquina e respectivo manual de utilização, com uma lente Pentacon 50 f/1.8 (com filtro protector e tampa) e um estojo de “pele”. Como a máquina permite um funcionamento totalmente manual, experimentei-a mesmo sem a pilha (só serve para activar o fotómetro e eu tenho um fotómetro de mão da Sekonic) e o teste detectou apenas um problema: o anel de aberturas da lente não estava a funcionar. Aliás, o anel rodava, o diafragma em f/1.8 é que não fechava. Mas como, felizmente, as lentes do sistema M42 são relativamente abundantes e a preços muito acessíveis, resolvi comprar a máquina. Optei uma Helios 44M-4 para substituir a Pentacon, que comprei no eBay por 16€, escolha influenciada por uma experiência em sucedida há dez anos com uma Zenit com uma lente igual. Boa construção, sólida, e com uma excelente qualidade óptica. A abertura máxima é
bastante boa – f/2.0 – embora a mínima pudesse ser um diafragma para além do f/16 que oferece.
Com uma pilha chinesa para o fotómetro espero que este conjunto robusto esteja à altura das excursões fotográficas a que a pretendo levar. E, já agora, que também o fotógrafo esteja à altura do equipamento.