sábado, 25 de novembro de 2023

Afinal... o que é que eu ando a fazer?

Participei num passeio fotográfico (ou photowalk, que é como parece soar melhor) pelas ruas de Lisboa, organizado por dois colectivos de fotografia que já tinha tido oportunidade de conhecer anteriormente: 1/4escuro e negativo coletivo.


Alguns conhecemo-nos mal (há quem viesse pela primeira vez e, por isso, não se conhecesse de todo e há outros que são cúmplices de longa data das andanças fotográficas) e, quando de câmara na mão é fácil que surja a pergunta - óbvia - "E tu? Qual é o tipo de fotografia que fazes?".

[É importante notar, nesta frase, as utilização do verbo fazer e não do verbo tirar, mas essa é uma história para uma outra história, para uma outra publicação]

Gosto da prontidão de quem tem certezas. Aliás, não gosto assim tanto, em tantas áreas da vida, mas neste caso gosto genuinamente. Talvez por invejar um pouco essas certezas. "Street photography e paisagens", simples, directo e sem hesitações. "E tu, qual é a fotografia que gostas de fazer?". Ora bolas, aqui vem a dúvida, a a incerteza. O que é que respondo para ter a certeza de que respondo bem? Como se responde a isto de forma a parecer credível?

Poderão dizer-me que estou a dar demasiada importância à opinião dos outros, preocupado a ficar "bem na fotografia" - expressão que vem mesmo a calhar - mas não, a preocupação não é com os outros, é comigo, como é que eu me defino? Os outros são apenas os interlocutores, pares, se resolver usar uma dose grande de autoconfiança e desejo, que me levam a levantar uma questão minha. Quem sou eu, fotograficamente falando? O que é que tenho andado a fazer?

Acho que fui apanhado de surpresa, apesar de já ter o fantasma da ausência de uma resposta credível à pergunta. Comecei pela negativa: não gosto de street photogtraphy, mas gosto de paisagem de cidade, de paisagem no geral e de fotografar modelos. A resposta foi terrível, embaraçosamente incerta e insegura.  Afinal, se gasto tanto tempo e dinheiro na fotografia como me posso admitir não ter a resposta a isto na ponta da língua? Tenho de admitir que, em termos fotográficos é semelhante a perguntarem-me "Como te chamas?" e não saber responder.

Claro que foi embaraçoso mais para mim do que para os outros. O mundo não acabou. Não veio do céu um feixe único de luz que aterrou sobre mim tornando-me o centro do maior escândalo público-fotográfico da história, obviamente. Mas senti-me desconfortável.

Continuo a achar que na fotografia o mais importante é o prazer que se tira do processo, mais do que o que se faz ou a câmara que se usa. Mas... o resto também importa. 

Claro que tive de pensar sobre o assunto, mas a resposta continua a ser difícil. Fechando os olhos, seguindo o instinto, creio que gostaria de responder "retratos emocionais de paisagens humanas e urbanas". Acho que é sobretudo isto. Mas será uma resposta decente?

Fui ao Google pesquisar uma lista de tipos de fotografia, só para ir riscando os que não se me aplicam.

A lista tem 38 tipos de fotografia. Li a descrição de todos a achei a lista incompleta. Acho que não me achei lá. Apesar de tudo acho que me relaciono com sete deles:

Retrato

Natureza morta

Paisagem

Abstracta

Fotografia de moda

Fine Art

Beleza/glamour


Ponderando bem tudo, acho que posso adoptar um tipo de fotografia que pode não existir oficialmente mas que define bastante bem o que faço, ou melhor, o que gostaria mesmo de fazer, caso me fosse dada a faculdade de realmente conseguir atingir a materialização do meu desejo interno; acho que, daqui em diante, responderei - correndo o sério risco de parecer uma frase retirada de um livro de autoajuda! - "paisagens humanas emocionais".

E é isto. Voltarei a falar sobre este tema numa futura publicação.

domingo, 9 de julho de 2023

A fotografia é mais sobre aprender a ver ou ignorar parte do que se vê?

Quando fotografamos, focamo-nos mais naquilo que queremos deixar dentro ou fora do enquadramento?


A fotografia é uma forma de expressão que envolve as duas coisas, talvez impossíveis de dissociar. Talvez seja tão importante aprender a ver o que nos interessa como a escolher o que ignorar. É o equilíbrio incerto de fazer as escolhas certas sobre o que incluir ou excluir do enquadramento.


Um dos componentes fundamentais da fotografia é a composição, a par da luz e do momento. Sabemos que há temas que resultam, como os detalhes, padrões, formas e movimento, que têm o potencial de criar uma fotografia cativante. A experiência, talento, prática e conhecimento da linguagem visual da fotografia são essenciais para fazer a escolha certa sobre o que incluir na imagem.


Por outro lado, ignorar certos elementos ou distrações dentro de uma cena também é igualmente importante. O essencial consiste em capturar a essência de uma cena enquanto se faz escolhas sobre o que realçar e o que excluir. É um equilíbrio delicado entre ver a realidade crua e decidir como a melhorar para tornar a imagem mais impactante.


Ao enquadrar e expor uma fotografia, fazemos escolhas sobre o que incluir ou excluir do enquadramento. Depende do sentido estético do fotógrafo ou da mensagem que este pretende transmitir.


Esta questão leva-me a pensar numa outra: será então o fotógrafo um criador ou um editor?


Villa Sousa, na Graça, Lisboa


PS: Será que seria interessante ver, para apreciar a capacidade artística de um fotógrafo, a par com a imagem escolhida, os detalhes omitidos?


domingo, 18 de junho de 2023

Detalhes especiais que não são fotografia por si só, mas contribuem para a magia

Não estou a tentar citar Julie Andrews em "My Favorite Things" mas, na verdade, há algumas coisas de que eu realmente gosto na fotografia e nalgumas de suas acções quase insignificantes. Quase, mas são imprescindíveis, pelo menos para algum tipo de fotografia...

Então, aqui estão algumas das minhas coisas favoritas:


A alavanca de avanço de filme na Rolleiflex

Medição de luz com fotómetro


O som de disparar a Bronica S2A


"Desenrolar" o fole da Zeiss Ikon


Avançar o filme na Nikon F3


Ícone Validada pela comunidade

terça-feira, 13 de junho de 2023

Criando cartões de visita

Um dos meus objectivos é criar mais em fotografia. E há alguns desafios autopropostos de que falarei em publicações futuras..


Por agora serão umas tiras com uma imagem do meu portfolio e um código QR para este blogue e a minha handle para o Instagram. É uma forma de poder fornecer os meus contactos.

Próxima tarefa: colocar estas tiras - são de vinil autocolante, para que se possa guardar assim mesmo ou colar num caderno, por exemplo - dentro de rolos antigos que trarei comigo sempre que for fotografar.

Passo a passo estou a tentar melhorar e manter a motivação nesta área da fotografia.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Organizando o meu portfólio ou galeria de fotos

Agora que decidi levar um pouco mais a sério a fotografia, trazendo de novo à vida este antigo blog e tudo mais, é hora de fazer as coisas um passo de cada vez.

Por agora, é tempo de criar um portfólio, principalmente com fotos mais antigas.


Significa, então, vasculhar as minhas impressões e ficheiros de computador para selecionar fotos adicionais que precisarei de imprimir e as que devem ir para minha primeira galeria online, considerando o Instagram uma rede social e não realmente uma galeria de fotos.

Acho que vou gastar algum tempo. Então mãos à obra!

sábado, 3 de junho de 2023

A trabalhar no regresso


Rolleiflex Standard K2 no Jardim Braço de Prata


Doze anos depois, a olhar as coisas sob uma perspectiva diferente, ou melhor, através de uma lente diferente, regresso a este blog e à fotografia...

Talvez por sentir que tenho coisas a dizer. Em breve publicarei mais conteúdos...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ferramentas – a Praktica

Acabo de completar, com a chegada de uma encomenda pelo correio, a minha máquina revolucionária.

Se calhar isto precisa de alguma explicação. A máquina não tem nada de revolucionário, não é um exemplar da mais nova e avançada tecnologia.
Escolhi chamá-la revolucionária porque pretendo que seja a ferramenta que utilizarei para fotografar manifestações, greves ou outros movimentos de protesto social.

Talvez com algum preconceito associado, o conjunto é constituído por elementos provenientes de países com regimes muito pouco (ou nada) democráticos, de domínio comunista, sendo o corpo uma Praktica MTL 5 B, fabricada na República Democrática Alemã e a lente de 58 mm, uma Helios 44M-4, Zenit, da União Soviética. Dois elementos apenas destoam: um filtro UV da Hama (da Alemanha, fabricado nas Filipinas) e uma correia da Canon (do Japão).


Escolhi esta máquina por diversas razões. A primeira é o facto de me ter aparecido à frente (a um preço baixíssimo) e em bom estado numa loja da Cash Converters (sim, é verdade que tenho algum fascínio por estas lojas; é que ao contrário da loja especializada em fotografia e que o vendedor quer receber o dinheiro correspondente ao objecto fotográfico, e na Cash
Converters o que o vendedor pretende é ganhar algum dinheiro por um objecto que já não utiliza ou que provavelmente nunca utilizou). Os preços são, por isso, baixos e os objectos podem estar em muito bom ou em muito mau estado. Cabe ao comprador avaliar.

Voltando à questão da máquina, o que estava à venda era a máquina e respectivo manual de utilização, com uma lente Pentacon 50 f/1.8 (com filtro protector e tampa) e um estojo de “pele”. Como a máquina permite um funcionamento totalmente manual, experimentei-a mesmo sem a pilha (só serve para activar o fotómetro e eu tenho um fotómetro de mão da Sekonic) e o teste detectou apenas um problema: o anel de aberturas da lente não estava a funcionar. Aliás, o anel rodava, o diafragma em f/1.8 é que não fechava. Mas como, felizmente, as lentes do sistema M42 são relativamente abundantes e a preços muito acessíveis, resolvi comprar a máquina. Optei uma Helios 44M-4 para substituir a Pentacon, que comprei no eBay por 16€, escolha influenciada por uma experiência em sucedida há dez anos com uma Zenit com uma lente igual. Boa construção, sólida, e com uma excelente qualidade óptica. A abertura máxima é
bastante boa – f/2.0 – embora a mínima pudesse ser um diafragma para além do f/16 que oferece.

Com uma pilha chinesa para o fotómetro espero que este conjunto robusto esteja à altura das excursões fotográficas a que a pretendo levar. E, já agora, que também o fotógrafo esteja à altura do equipamento.

Afinal... o que é que eu ando a fazer?

Participei num passeio fotográfico (ou photowalk, que é como parece soar melhor) pelas ruas de Lisboa, organizado por dois colectivos de fot...