Fui, há dias, visitar a exposição “Os dois olhos do ciclope” de Nuno Pinheiro. Confesso que fotograficamente poucas imagens me transmitiram de facto alguma coisa. Não que o trabalho fotográfico apresentado não tenha valor, mas talvez porque estas fotografias expostas cubram um período de tempo demasiado extenso para nelas encontrar uma maior coerência.
Curiosamente esta mostra fotográfica acaba por sublinhar o que anteriormente disse: a forma de captura da imagem tem influência no produto final. Muitas das fotografias foram realizadas com uma velha Rolleiflex com os seus fotogramas 6 x 6 cm. E foi essa mesma câmara que influenciou o nome da exposição, referindo-se à conversão da visão binocular humana na fotográfica, que se limita à proporcionada pela única lente que vê (fotografa) mesmo no caso de uma máquina TLR em que as duas lentes frontais se resumem a uma só que capta a imagem
Claro que volto a admitir e a reforçar que o meio de captação influencia a imagem final mas não lhe confere valor por si só. Podemos ter uma Rolleiflex TLR e duas centenas de rolos e a câmara não conseguirá fazer boas fotografias sem a visão mais ou menos sensível do fotógrafo.